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13 de julho de 2009
Reflexões filosóficas (01)
Assuntos:
Administração,
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reflexões filosóficas,
RH,
Rock
A falta de tempo nos últimos meses (em particular nos 2 últimos) me impediu.
Agora, em férias, tive tempo de atualizar algumas coisas, inclusive a cabeça.
E, ao assistir a algumas coisinhas no YouTube, além do que tenho refletido sobre várias coisas, resolvi iniciar a tal "série" - que, já aviso, não garanto fazer de forma sequencial, "bunitinha".
Mas eu queria falar sobre o TALENTO, para iniciar.....
Bom, comecei a pensar sobre isso ao ver esse vídeo aqui:
Sou fã de longa data do Dire Straits. Desde que o álbum Brothers in Arms foi lançado, em 1985, ouço direto. Um dos últimos álbuns da banda, On Every Street, eu acho genial - e lembro de tê-lo comprado, assim que foi lançado, em VINIL. Eu ainda não tinha CD (nem lembro se já existia ou não, mas EU não tinha).
E hoje, cada vez que vejo Mark Knopfler tocando (seja no Dire Straits, seja em carreira solo), fico pensando sobre o TALENTO.
O cara nunca foi considerado (nem quis) nenhum "virtuoso" na guitarra. Mas seu estilo de tocar é SENSACIONAL.
Não me refiro apenas à velocidade, mas ao feeling, à técnica, à harmonia.....
Contudo, ninguém pode dizer que Mark Knopfler é um cantor de voz potente, um showman (pelo menos se tivermos como base de comparação nomes como Freedie Mercury, Bruce Dickinson, Ronnie James Dio, David Coverdale etc).
Ainda assim, o cara "inaugurou" a MTV (americana) nos anos 80, compôs músicas geniais, é um guitarrista respeitado (que já tocou ao lado de gente como Clapton, Phil Collins, Luciano Pavarotti, Sting, Paul McCartney etc), e faz shows incríveis.
O que sustenta tudo isso ?!
TALENTO.
É difícil DEFINIR o que é talento, mas é impossível não reconhecê-lo ao ver demonstrações simples, práticas, reais.
O passar do tempo não "enfraquece" o talento - pelo contrário, só o desenvolve mais.
Ainda assim, o talento é pouco valorizado. Ao menos na prática.
Em particular no Brasil (conquanto não seja "apenas" aqui), o talento é preterido, geralmente em benefício de algo mais "comercial", vendável.
Músicos talentosos não têm apelo comercial, mas os tchans, os créus, as bundas têm.
BBBs, aprendizes e outros lixos têm espaço garantido na TV, mas coisas de qualidade ficam escondidas na madrugada, ou em canais "alternativos" (em tempo: recomendo a minisérie "Som e Fúrua", da Globo - genial!).
Vemos isso não só na música, aliás.
Nas empresas, pessoas com talento são preteridas em prol do "cunhado do vizinho do diretor" ou algo equivalente.
Pessoas com competência e talento não acham espaço, seja pela politicagem do pior tipo (os "QI"s), seja pela incapacidade assombrosa que o RH tem em selecionar os ruins em detrimentos dos talentosos.
O resultado dessa falta de preocupação com o talento, com a competência, no caso da música é mais fácil de perceper - basta ligar a TV e ver as bundas balançando, as "modelos-manequins-atrizes-apresentadoras" nas capas de Playboys (nada contra a Playboy em si, claro!) e afins.
E quando nós temos que conviver com profissionais sem talento nenhum, vexatoriamente incompetentes e incapazes, como "pares" ?!
Há alguns anos, quando decidi minha incursão pelo universo acadêmico, como docente, eu tinha esta (falsa) impressão de que no mundo acadêmico, diferentemente do "mercado", o talento e competência seriam mais relevantes do que a politicagem, e as bundas.
Eu estava redondamente (sem trocadilho) enganado.
O mundo acadêmico também é repleto de bundas, créus, BBBs, fazendas e aprendizes.
O maior problema, contudo, é que os professores têm a árdua tarefa de formar as próximas gerações.
Contudo, é lamentável ver o tipo de professores que hoje estão a cargo desta tarefa - árdua, sem dúvida, mas extremamente prazerosa, recompensadora.
Pessoas despreparadas, verdadeiros PICARETAS, que tomam ações ridículas, falam bobagens vexatórias - mas têm pose, se acham verdadeiros "líderes do BBB".
Quantas e quantas vezes eu não presenciei certos "professores" falando besteiras inacreditáveis para alunos - que, muitas vezes, têm uma forte crença de que seguir as orientações e conselhos daquele professor é uma quase obrigação ?!
Mas e o TALENTO ?
Devido à relação de proximidade e confiança que tenho com (muitos dos) meus alunos, acabou ouvindo certas "confissões" e relatos sobre outros professores. Eles incluem elogios, indiferença, e críticas.
Obviamente, todos devem ser contextualizados, e não podem ser tomados como verdade absoluta - são pontos de vista. Mas são os pontos de vista DOS ALUNOS - aqueles a quem, EM TESE, os professores devem servir, ou seja, os "clientes finais".
Posteriormente, somando-se estes relatos e informações à observação do comportamento efetivo de alguns destes docentes BBBs, porém, fica evidente que as críticas dos alunos, em grande medida, eram mais do que procedentes - por vezes, inclusive, eram críticas até suaves demais, dada a arrogância, o despreparo e a completa falta de talento dos professores.
Contudo, não é APENAS em nível docente que falta talento.....na gestão (ou gerência, ou coordenação, direção etc) destes professores, também.
Reunião de professores em pleno sábado (por quê ?! Não tem um dia pior para isso ?! Digamos domingo, às 8 da noite ??????). OK.
Todo aquele blábláblá que não leva a lugar nenhum.
Reunião termina; nenhuma decisão relevante, nenhuma informação minimamente útil. 4 horas perdidas.
Na saída, por acaso, caio na besteira de ir confirmar, na Secretaria, o horário da minha aula da segunda-feira, se a primeira ou se a segunda (esclarecendo: a reunião do sábado antecedia o início do ano letivo, na segunda-feira posterior).
Só então (repito: POR ACASO) sou informado de que a minha disciplina teria sofrido uma alteração, e ela NÃO teria espaço na grade naquele semestre.
Ninguém teve a gentileza, a educação, a competência, o TALENTO GERENCIAL de avisar o professor da disciplina.
Ninguém teve o bom senso de imaginar que o professor (no caso, este otário que vos escreve) já estava com o planejamento da disciplina PRONTO para o semestre inteiro.
Ninguém avisou nada. Acabei sabendo por ACASO - e um acaso bastante improvável, pois a reunião já havia acabado, e supostamente eu já deveria ter ido embora.
Fui discutir um outro assunto, sem nenhuma relação, e acabei perguntando sobre o horário apenas para desencargo de consciência, confirmação daquilo que eu achava já estivesse absolutamente confirmado.
Será que isso foi um fato isolado ?!
NÃO.
Este exemplo é capaz de tipificar a absoluta e vexatória falta de talento - que, em muitos casos, confunde-se com COMPETÊNCIA.
Falta talento (e/ou competência e/ou ambos) à pessoa (teoricamente) responsável pela coordenação (gestão, gerenciamento etc) das atividades, das pessoas.
Contudo, estas pessoas que DEVERIAM ser responsáveis por isso geralmente são aquelas que em seus discursos enfatizam a importância dos RECURSOS HUMANOS.
Isso acontece nas empresas, com gestores de RH, mas acontece TAMBÉM no mundo acadêmico-universitário - e, neste caso, usualmente envolvendo professores com títulos e mais títulos, cursos e mais cursos, cujos conteúdos teoricamente são repletos de técnicas de psicologia, antropologia, sociologia, educação, pedagogia etc.....
Pessoas que em seus discursos falam de gestão de aprendizagem, de pessoas, de liberdade, respeito, competência e muito mais - porém, na prática, "esquecem" de gerir as pessoas.
Esquecem de detalhes como informar o professor que ele não terá aquela disciplina - de preferência, ANTES que o otário do professor prepare as aulas, o planejamento etc.
Outro exemplo: minha aula foi cancelada/transferida, mas eu fico sabendo disso por meio dos alunos, DEPOIS que já estou instalado na sala de aula.
A coordenação "esqueceu" de me avisar - mas combinou tudo com os alunos, com a Secretaria, com o faxineiro, com o porteiro, com a "tia" do dog...... Só o otário aqui não foi avisado!
Resultado: recolhi minhas coisas, e fui embora para casa - o que significa que perdi 4 horas entre o trânsito enfrentado para CHEGAR na faculdade, comer um cachorro-quente e voltar para casa. Nunca gastei tanto tempo (e gasolina, dinheiro do estacionamento, paciência de ficar parado na Marginal) para comer um cachorro-quente !!!!
É ou não é falta de talento ?!
O que dizer, então, daqueles professores saboneteiros ?!
Eu, na graduação, tive alguns.
O perfil desse tipinho é sempre o mesmo: tem algum diploma/título de uma faculdade de renome, mas nunca fez nenhum trabalho, pesquisa, artigo ou tese minimamente relevante; o pior, contudo, é que o tipinho se acha a terceira bolacha do pacote - mas, na prática, não tem NENHUM talento ou competência para ensinar.
Tive um professor de gestão de produtos assim, na graduação - Rittner.
Só sabia falar de Dove. Para as aulas medíocres dele, o único exemplo para qualquer teoria era o Dove.
Qualquer pergunta sobre outro tipo de produto era descartada. Só Dove interessava.
Para quem é da área de marketing, não é preciso explicação adicional.
Para quem não é, eu explico a fixação pelo Dove: sabonete é o tipo de produto que cabe de exemplo para virtualmente todas as teorias básicas de gestão de produtos (um dos Ps do mix de marketing). Isso significa o seguinte: o cara tinha preguiça para pesquisar qualquer outro exemplo para ilustrar as teorias, então ficava sempre no Dove. Mas o pior é que ele se achava a terceira bolacha do pacote, a última Coca-Cola do deserto - e suas aulas eram incrivelmente chatas, soníferas, e desprovidas de conteúdo.
Esse é o tipo picareta: enche os alunos de xerox de matérias de jornais e revistas, mas não dá rigorosamente nenhum embasamento teórico; fica sempre nos mesmos exemplos maçantes nas aulas, para não ter que se arriscar a tratar de exemplos que possam demonstrar que ele não domina o assunto; tem aquele tom monocórdico nas aulas, que faz com que qualquer um durma em no máximo 30 minutos; enche a lousa de bobagens sem sentido, para dar a impressão de "ter conteúdo"; faz provas complexas, ilegíveis, para parecer que "exige" muito dos alunos.
Estes poucos exemplos que eu narrei aconteceram comigo, na vida acadêmica (como aluno, no caso do saboneteiro, ou como professor). Mas eles são exemplos que valem para o mercado de trabalho "normal" (empresas).
Passei por situações semelhantes/análogas na vida profissional, como consultor e/ou empregado (se bem que "empregado" foi por pouquíssimo tempo).
Incompetentes como "pares", como chefes..... E eu, de mãos atadas.
Todos nós passamos por situações assim. Temos que conviver com os incompetentes, os sem-talento que se metem a fazer alguma coisa para a qual não têm nenhum preparo, nenhuma vocação - inclusive atendentes do SAC, funcionários de banco, atendentes do SAC, atendentes do SAC etc...
Novamente, pergunto: E O TALENTO ?
Ahn, é só um detalhe, né ?!
Afinal, temos as bundas do tchan, os bichinhos da fazenda, as modelos-manequins-atrizes-apresentadoras da vida.
Não precisa de talento, basta ter bunda.