Marketing, economia, administração, educação, política, música - enfim, um pouco de tudo.
21 de julho de 2013
Roberto Campos
Excelente rever esta entrevista de 1997, na qual Roberto Campos fala sobre privatizações (incluindo Petrobras, Vale etc), liberalismo e tantos assuntos que hoje se mostram MUITO piores do que em 1997.
O Brasil regrediu vergonhosamente. Ainda bem que ele não viveu para ver esta desgraça PTralha...
PS: A presença do Marco Aurélio Garcia, vomitando bobagens, não é suficiente para atrapalhar, mas os pitis, a voz esganiçada e as críticas a práticas que o PT acabou abraçando com largo sorriso depois acabam ficando engraçados - ou melhor, PATÉTICAS.
11 de maio de 2013
A falácia da gestora competente e técnica: Dilma é uma farsa
Quem acompanhou o noticiário brasileiro nos últimos 4 ou 5 anos ouviu ou leu, à exaustão, que Dilma Rousseff tem um perfil técnico, não político.
Esta falácia foi repetida exaustivamente, tanto pelo PT quanto por imensa maioria da imprensa brasileira, aquela que não apenas aceita falácias como ajuda a propagá-las sem questionar.
Li AQUI uma boa explicação sobre falácia:
Um argumento inválido que parece válido. Por exemplo: "Todas as coisas têm uma causa; logo, há uma só causa para todas as coisas". Do ponto de vista estritamente lógico não há qualquer distinção entre argumentos inválidos que são enganadores porque parecem válidos, e argumentos inválidos que não são enganadores porque não parecem válidos. Mas esta distinção é importante, uma vez que são as falácias que são particularmente perigosas. Os argumentos cuja invalidade é evidente não são enganadores e, se todos os argumentos inválidos fossem assim, não seria necessário estudar lógica para saber evitar erros de argumentação. Prova-se que um argumento é falacioso mostrando que é possível, ou muito provável, que as suas premissas sejam verdadeiras mas a sua conclusão falsa. Quando se diz que uma definição, por exemplo, é falaciosa, quer-se dizer que é enganadora ou que pode ser usada num argumento que, por causa disso, será falacioso.
Dizer que Dilma Rousseff é uma "gestora" (ou "gerentona" como a imprensa burramente insiste em fazer há anos) ultrapassa o limite da falácia.
Trata-se de pura bobagem mesmo.
Dilma Rousseff foi incapaz de gerenciar uma loja de R$ 1,99 enquanto havia paridade entre o dólar e o real, mas vendeu a imagem de "gestora" mesmo assim.
Porém, basta uma rápida olhada em alguns fatos e dados que independem da opinião leniente da maioria da imprensa para perceber que a fama de "gestora" é uma burrice.
Vamos a alguns exemplos - e, desta vez, não vou transcrever tudo na íntegra, pois seria muita coisa. Vou incluir apenas alguns trechos de reportagens baseadas em dados oficiais (grifos meus).
1) O que podemos dizer quando um funcionário do próprio governo reconhece publicamente, com todas as letras, que o seu governo é incompetente? O que dizer disso?
As concessões de obras de infraestrutura projetadas pelo governo federal sofrerão atrasos, informou ontem o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Em rodovias o atraso será de pelo menos quatro meses, mas em ferrovias parte das licitações pode ficar para 2014.Em relação às rodovias, Figueiredo disse que o edital dos 7,5 mil km da malha federal que devem ser concedidas à iniciativa privada sairá até agosto. Os leilões, segundo ele, começarão a partir de setembro. "O primeiro lote de sete rodovias sai em julho, era para ser em março. Serão quatro meses de atraso, mas vai sair", garantiu, ao participar ontem em São Paulo do 8º Encontro de Logística e Transportes, promovido pela Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp). Ao todo, são 13 rodovias federais, divididas em nove lotes.Figueiredo afirmou que "cronograma é para ser cumprido", mas admitiu que há limitações e "aprendizagem" nos processos licitatórios. Segundo ele, os editais das BRs 116 e 040, que foram suspensos por causa de erros técnicos, estão sendo refeitos.No setor de transporte ferroviário, Figueiredo disse que parte dos dez mil km de ferrovias que devem ser concedidos para a iniciativa privada, incluídos no pacote integrado de logística anunciado pelo governo federal no ano passado, pode ser licitada somente em 2014. "Queremos publicar e realizar leilões neste ano, mas alguma coisa pode ficar para o ano que vem", disse.Ele lembrou que os primeiros 2,6 mil km, cujo edital deveria ter sido divulgado em março, ainda aguardam a conclusão de estudos para o andamento do processo. Já o segundo grupo de concessões, que soma 7,4 mil km, ainda passa pelo processo de audiências públicas. "Os projetos caminham, mas estamos revendo os cronogramas, já que os editais desses trechos deveriam ser divulgados agora em maio", lembra.O atraso, aparentemente, não pode ser atribuído à falta de recursos. Participantes de dois bancos financiadores - o BNDES e o Banco interamericano de Desenvolvimento (BID) - lembraram que as instituições tem aumentado o volume de recursos destinados à área de logística.No ano passado, 30% dos empréstimos do BNDES foram destinados a projetos ligados à logística, de acordo com Roberto Machado, diretor do BNDES. Em 2008, esse tipo de crédito representou 12%. Machado afirmou que a tendência é que os desembolsos para projetos ligados a logística aumentem proporcionalmente dentro do total disponibilizado pelo banco nos próximos anos.Outro participante do evento, Alexandre Rosa, gerente de Infraestrutura e Meio Ambiente do BID, disse que metade do total do desembolso anual do banco vai para projetos de infraestrutura. A fatia que o banco destina ao setor mostra para onde aponta o crescimento das economias brasileira e latino-americana, segundo ele.
A matéria, na íntegra, saiu no ValorEconômico de 07 de Maio de 2013 (AQUI, para assinantes).
2) Durante decadas o PT, Lulla e Dilma criticaram as privatizações, especialmente as feitas por FHC (e omitiram, convenientemente, que Fernando Collor e Itamar Franco também privatizaram empresas públicas ineficientes, assim como Lulla fez algumas privatizações também, como mostrei AQUI). Porém, diante da flagrante e comprovada incapacidade gerencial do Estado inflado pelo PT, a privatização volta à pauta, ainda que disfarçada, falaciosamente, sob a alcunha de "concessão"(o que é uma bobagem: é privatização, sim!).
Em mais uma tentativa de garantir o sucesso do programa de concessões, o governo anunciou ontem um aumento de 31% na rentabilidade dos projetos rodoviários, além de permitir que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre como sócio das empresas vencedoras dos leilões, participação que não estava prevista nas primeiras versões do programa.O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que a Taxa Interna de Retorno (TIR) dos projetos de concessões de rodovias será elevada de 5,5% para 7,2%. Com isso, o retorno do capital dos acionistas, que deveria variar entre 12% e 15% subirá para algo entre 16% e 20%. [...] O aumento na remuneração dos investidores significa que o governo elevará o valor máximo do pedágio que será cobrado dos motoristas.A participação do BNDES como sócio dos vencedores dos leilões de concessão ainda não está definida. Segundo o presidente do banco, Luciano Coutinho, o mais provável é que a BNDESPar, braço de investimentos do banco público, tenha participação no capital das sociedades de propósito específico (SPEs), formadas pelos consórcios para disputar concessões de rodovias, ferrovias e portos. De acordo com o presidente do BNDES, a necessidade de investimentos do programa de concessões é muito elevada e "há poucas empresas de grande porte" que podem tocar esses projetos. Coutinho explica que nesses casos, o BNDES pode entrar como sócio para viabilizar parcerias, consórcios e atração de parceiros estrangeiros.As condições dos editais de concessão de ferrovias e do trem-bala foram adiadas. De acordo com o ministro Mantega, elas serão definidas "em outras ocasiões". O novo cronograma para os leilões, antes previstos para janeiro e agora adiados para setembro, foram reconfirmados pelo governo.Essa é a terceira versão do governo para o pacote de 7,5 mil quilômetros de rodovias. Quando foi lançado, em agosto de 2012, as rodovias seriam concedidas por 25 anos, os financiamentos não passariam de 20 anos e a taxa de retorno nos primeiros editais foi de 5,5%. A reação dos investidores foi negativa e os primeiros leilões, adiados por risco de falta de interessados.Desde então, o governo vem cedendo às demandas do setor privado. As primeiras alterações anunciadas em fevereiro melhoraram as condições para financiamento, o que elevou a taxa de retorno sobre o capital próprio, mas não a taxa interna de retorno projetos. O governo ampliou o prazo de concessão de 25 para 30 anos, os financiamentos de 20 para 25 anos e a taxa de alavancagem saiu de 65% para até 80%.Nesta última versão, as condições gerais foram mantidas, mas o preço do pedágio máximo elevado para garantir mais disputa.
Na íntegra AQUI.
3) Paralelamente, a dívida pública só aumenta:
A dívida pública federal, que inclui os endividamentos interno e externo, subiu 7,55% em 2012, para R$ 2 trilhões, segundo o Tesouro. O crescimento da dívida pública no ano passado foi de R$ 141 bilhões. Já os juros pagos pelo Tesouro atingiram R$ 207,984 bilhões no ano. No caso da dívida interna, foi registrado aumento de 7,45%, para R$ 1,91 trilhão. Já a dívida externa cresceu 9,6%, para R$ 91,2 bilhões.
Íntegra: AQUI.
Você se lembra quando o Lulla fez um tremendo oba-oba para anunciar que ele teria pago a dívida externa do Brasil?!
Pois é, ele mentiu.
De novo.
Surpresa?
4) O governo está gastando como nunca, a arrecadação de impostos bate recordes seguidamente, mas ainda assim a infra-estrutura segue completamente abandonada:
O Brasil precisaria aumentar em três vezes os índices de desempenho da infraestrutura de transportes nacional para chegar aos melhores níveis praticados pelos competidores internacionais do país, conclui estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que será apresentado hoje. "Os investimentos feitos nos últimos 12 anos na área de transporte estão muito aquém das necessidades", comentou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "O que falta é uma gestão eficiente, muitos dos investimentos são feitos e acabam custando muito mais do que deveriam", disse. "Falta planejamento, estratégia, seriedade e coragem para tirar as coisas do papel e fazer acontecer."O estudo da Fiesp constatou que a maior malha viária no país, a de rodovias, com uma média de 2,5 km por 10 mil habitantes, é, ainda, 43% menor que o padrão de excelência internacional, de quase 4,8 km por 10 mil habitantes.Desde o ano 2000 o indicador brasileiro oscila em torno dos 50%. E esse é o item onde o Brasil tem menor diferença em relação ao padrão desejável, o chamado "benchmark", no jargão técnico. O frete rodoviário, de US$ 51,75 para cada mil toneladas por km (em 2010, último ano com dados internacionais para comparação, pelo estudo da Fiesp) é 270% maior que a média de excelência mundial, de US$ 14."Temos rodovias, hidrovias, ferrovias, portos e aeroportos com defasagem, custos altos, tudo isso atrapalha muito a competitividade e o desenvolvimento do Brasil", reclama Skaf. Os dados sobre rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos foram reunidos em um único indicador, o Índice de desempenho Comparado da Infraestrutura de Transportes (IDT), que, em 2010 (o último ano da serie calculada pela Fiesp), chegou a 33%. Esse índice indica uma infraestrutura com um terço do desempenho existente nos países que mais competem com o Brasil no mercado internacional.O IDT, calculado com base em dados das 50 principais regiões metropolitanas brasileiras, e 18 indicadores diferentes, é a primeira tentativa de quantificar a insuficiência e ineficiência da estrutura de transportes no país.O Brasil está bem servido de aeroportos, mas com baixa capacidade: em 2010, enquanto os melhores aeroportos mundiais abrigavam 88 pousos e decolagens por hora, os aeroportos da Infraero registravam 38. Esse número representa 43% do benchmark internacional, uma evolução dos 32% referentes ao IDT calculado para o ano 2000.Os piores desempenhos do Brasil em relação ao padrão de excelência mundial são os relativos a ferrovias (20%) e hidrovias (21%). No caso do transporte ferroviário, embora a capacidade de transporte (tonelagem por quilômetro de linha férrea) seja equivalente ao benchmark internacional, a extensão da malha ferroviária está 93% abaixo do ideal, e o frete por ferrovia é quase 16 vezes maior que o melhor padrão praticado no mundo - no quesito frete ferroviário o benchmark internacional é de apenas 6% do custo brasileiro.Cavalcanti comenta os altos custos de logística, que fazem, por exemplo, com que as mercadorias que levam 324 minutos para ser liberadas nos aeroportos de padrão mundial levassem quase 3,2 mil minutos nos aeroportos da Infraero, em 2010. O custo de se levar um contêiner de 20 pés da região metropolitana ao local da exportação era de, em média, US$ 621 mil no exterior e de quase US$ 1,8 mil no Brasil - indicador que, no começo de 2012, deve ter sofrido deterioração, com os engarrafamentos da safra nos gargalos logísticos do país.
Íntegra AQUI.
A despeito de contar com o apoio cego e inconteste da maioria esmagadora da mídia (jornais, rádios, TVs etc), a fama de "gerentona" da Dilma vem sendo paulatinamente exposta, dissecada e demonstrada como se demonstra que dois mais dois são quatro.
Um bom exemplo é o artigo do sempre inteligente Alexandre Schwartsman AQUI.
Ele resume muito bem a política econômica do PT e da "gerentona" com o termo GAMBIARRA.
É isso mesmo: há 10 anos o Brasil vem sofrendo com gambiarra atrás de gambiarra.
Lulla, e agora Dilma, nunca souberam o que fazer, nem como fazer.
Lulla tentou fazer aquilo que ele vem fazendo há décadas, ou seja, nada.
Deu certo.
O país sobreviveu por inércia.
Isso sem falar, claro, no apoio da imprensa que ajudou a criar o "mito" do nordestino que virou sindicalista e chegou a presidente. Aquela mídia amiga, que segue sendo atacada pelo PT só na aparência. Afinal, o PT e o Lulla precisam culpar alguém pelo mensalão, pela corrupção etc...
O mesmo ocorre com Dilma. A imprensa que o PT tanto critica ("golpista", "reacionária", "conservadora", "de direita" são alguns dos termos com os quais eles costumam "atacar") publicamente ajudou a criar o mito de que a agora presidente, ex-ministra da Casa Civil (que só assumiu esse ministério graças à queda do José Dirceu, por causa do mensalão, em 2005), é uma gestora dura, crítica. Veja, por exemplo, este pequeno trecho de matéria da ÉpocaNegócios sobre a Petrobras: "De certa forma, a Petrobras espelha o Brasil. Grandiosa, cheia de oportunidades a colher (ou extrair), cheia de gorduras a queimar e gargalos a, se não resolver, pelo menos lubrificar. A mexida em seu comando também espelha o país. O ex-presidente Gabrielli, político, negociador, boa-praça, estava para a empresa como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava para o país. Graça é o retrato de Dilma: pragmática, dura, técnica, cobradora – até irascível". A reportagem, na íntegra, está AQUI.
A revista é da Editora Globo, organização atacada por grande parte do PT quando lhe convém (e alvo preferencial da esgotosfera governista criada e financiada pelo PT na internet).
Ainda assim, a ÉpocaNegócios usa adjetivos como pragmática, dura, técnica e irascível para se referir à Dilma.
Primeiro: vamos parar de confundir assertividade (algo bom para um gestor, especialmente no comando de uma grande organização como um empresa ou mesmo o governo) com falta de educação e grosseria. Dilma Rousseff não é assertiva, nem tampouco gestora.
Dilma é grossa.
Ponto.
Segundo: gestora? Técnica?
Dilma Rousseff não consegue falar uma frase com mínima dose de lógica e sintaxe. Ela chuta números, não consegue finalizar um raciocínio….. Enfim, quando ela abre a boca, dá vontade de chorar!
Terceiro: em diversas ocasiões, Lulla disse que se impressionou com a Dilma porque ela chegava para as reuniões com planilhas, tabelas, números e mais números…. É sempre mencionado que a Dilma adora um PowerPoint, cheio de dados, números e mais números.
Ora, percebe-se que nem a Dilma e nem o Lulla estão preocupados com os fatos - basta mostrar um PowerPoint ou uma planilha com números - ainda que nenhum dos dois consiga entender bulhufas do que significam aqueles números.
Isso é gestor?
Isso se chama ENBROMADOR.
Encheção de linguiça não tem nada a ver com gestão.
Mas a imprensa amiga insiste nessas bobagens todas, a despeito de todas as provas em contrário.
Especificamente sobre as privatizações do PT, o Reinaldo Azevedo desnudou essa "babação de ovo" da imprensa AQUI.
Aliás, uma das principais razões de odiarem tanto o Reinaldo Azevedo é que, além de escrever bem, ele pensa.
E, como sabemos, o PT detesta gente assim.
(Apenas para registrar: discordo TOTALMENTE do Reinaldo Azevedo em muitos assuntos, especialmente religião, aborto e drogas, mas é inegável que ele PENSA, que usa a lógica, que argumenta, e, com isso, ele costuma desmontar as bobagens faladas "por aí").
O importante é o seguinte: o artigo do Reinaldo Azevedo mostra de forma inequívoca o quanto a esmagadora maioria dos jornais (e seus articulistas) defende o PT e seus projetos burros, fadados ao fracasso - e a privatização dos portos é apenas o mais recente caso.
Curioso notar que, no caso da medida provisória que pretendia privatizar os portos, o PT queria... a privatização !! O mundo dá voltas, não?!
Você achou pouco?!
Então divirta-se com mais algumas aberrações:
País tem pior crescimento desde Collor (28/11/2012)
Estrutura obsoleta provocou o quarto apagão deste semestre (18/12/2012)
Petrobras tem maior déficit em 17 anos (22/12/2012)
Governo acelera a criação de estatais que não geram receita (06/01/2013)
Mercado prevê piora das contas externas e pressão maior no câmbio (07/05/2013)
Brasil "perde" US$ 6 bi em exportações (07/05/2013)
Maioria dos serviços sobe mais que inflação (07/05/2013)
3 de maio de 2013
Privatização da Vale e dominação da Petrobras
Depois que escrevi sobre a Vale e sobre a Petrobras (alguns textos anteriores: 1, 2, 3 e 4), recebi algumas mensagens interessantes.
Algumas eram besteiras do mesmo baixíssimo nível (moral e intelectual) que eu havia demonstrado no texto de 23 de Abril de 2013 (AQUI).
Outras, porém, eram mensagens de pessoas realmente interessadas no assunto.
Que ótimo!
Contudo, o que ficou bastante claro para mim é que o maior problema quando se trata de discutir o tema PRIVATIZAÇÃO no Brasil é o desconhecimento do assunto.
Essa ignorância (por vezes no bom sentido, muitas vezes no mau sentido) generalizada tem como causa uma série de fatores, dentre os quais eu citaria:
(1) gritante incompetência do PSDB em defender o seu legado - ainda que não "perfeito", o processo de desestatização conduzido pelo FHC foi crucial, juntamente com o Plano real, para tirar o Brasil do poço no qual se encontrava, mas para o qual, infelizmente, está voltando;
(2) pouco interesse por parte da população em geral - o que acarreta o próximo item;
(3) pouco interesse da mídia em geral em explicar o que realmente é o conceito de PRIVATIZAÇÃO;
(4) gritante hipocrisia e mitomania crônica por parte do PT (e demais partidos que servem para alojar os mais radicais e sem voto, tipo PSTU, PCO, PSOL etc), que era ferrenho opositor das privatizações, segue explorando as mentiras e falácias que cercam esse tema, mas fazem, eles mesmos, as privatizações que lhes interessam.
Independentemente das causas, quero tratar mais é do conceito em si - e, mais importante, dos resultados.
A Vale (antigamente chamada Vale do Rio Doce) foi privatizada em 1997. Mais precisamente em 06/05/1997.
O consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), adquiriu o controle acionário da Vale por R$ 3.338.178.240,00. Espalharam-se diversas mentiras sobre os valores envolvidos no processo de privatização da Vale. O PSTU, por exemplo, afirma AQUI que a Vale foi vendida por R$ 3,3 bilhões mas tinha um lucro líquido de R$ 12,5 bilhões.
Mentira. Somente em 2000 o lucro líquido da Vale ultrapassou a barreira do bilhão. Em 1997, quando foi privatizada, ela lucrou US$ 629 milhões brutos e US$ 319 milhões líquidos.
Um parêntesis: essas informações falsas, escancaradamente mentirosas, circulam há anos pela internet, em blogs e sites criados exclusivamente para defender mentiras e piorar o problema da desinformação. Exemplos não faltam - e, como pode ser visto, não faltam pessoas mal-intencionadas, inescrupulosas ou extremamente burras que a cada boato ou mentira acrescentam mais 1 ou 2 bobagens, de tal sorte que no final a mentira vira um roteiro de novela da Glória Peres, cheia de absurdos e coisas descabidas, mas tem gente que acredita!
Exemplo rápido: AQUI. O sujeito começa reproduzindo a "nota" do site do PSTU, que já estava toda errada - PIOR: ele indica como "fonte" um link do Yahoo Respostas. Fonte extremamente confiável, né?! Vejamos o tipo de perguntas e respostas que o Yahoo Respostas oferece:
As "respostas" e comentários que se seguem, aliás, são sintomáticos da ignorância, da propagação de mentiras e distorções. Mas o sujeito não se contenta, e acrescenta bobagens inomináveis.
Reparem no título do "post" do blog do sujeito: reclama que a Vale foi vendida por "apenas" 3 bilhões, mas lucrou R$ 20 bilhões em apenas 9 meses.
Detalhe: a venda foi em 1997 (e mais adiante retomo a questão dos R$ 3 bilhões), e os R$ 20 bilhões referem-se a uma notícia publicada pelo jornal O Globo EM 2010, OU SEJA, TREZE ANOS DEPOIS DA PRIVATIZAÇÃO.
Sim, o sujeito não tem a mais vaga idéia de que é preciso fazer alguns cálculos para comparar resultados financeiros TREZE ANOS depois de um fato (valor presente/futuro, depreciações e amortizações, deflacionar valores etc).
A notícia do jornal O Globo está AQUI. O link consta do blog do ignorante, assim como a matéria, mas tudo é tratado de forma distorcida, criando uma mentira simplesmente absurda.
Porém, tem gente que acredita!
Mais um detalhe: a falta de contextualização. O crescimento percentual divulgado em 2010 tem relação direta com a crise de 2008, que DERRUBOU negócios internacionais da Vale (veja nos gráficos mais abaixo). Fora de contexto, um crescimento de 200% parece uma coisa incrível, porém a base de comparação é que é muito baixa, devido à crise.
Claro que o sujeito que fez uma atrocidade de um blog daqueles não se dá ao trabalho de verificar nada disso.
AQUI temos mais um escrevendo bobagens, coisa claramente feita à base de CONTROL+C/CONTROL+V.
Existem, ainda, aqueles que tentam dar um verniz mais polido à desinformação - mas ela continua sendo, apenas e tão somente, desinformação. AQUI temos este exemplo.
Mais uma coisa: esse pessoal desinformado (ou apenas mal intencionado mesmo) vive dizendo que o José Serra foi o responsável pelas privatizações na época do FHC.
Errado.
Ele era Ministro do Planejamento na época de APENAS DUAS privatizações (essa imagem foi usada numa reportagem da Exame ou da Veja, não lembro ao certo, na época da eleição de 2012, quando houve um debate entre a Dilma e o Serra, e a Dilma, claro, soltou as bobagens que lhe são características; salvei a imagem, mas infelizmente não guardei a reportagem inteira ou o link):
Pronto, chega de parêntesis - são incontáveis os blogs e sites que publicam coisas risíveis sobre a Vale. Você pode localizá-los rapidamente no Google.
Mais complicado, porém, é localizar informações REAIS e confiáveis.
Vamos voltar ao mundo da realidade?
A imagem abaixo mostra alguns números interessantes - e básicos, sem os quais não é possível seguir nesta discussão (clique para ampliar):
Vemos ali, de forma muito clara (exceto para aqueles obtusos que insistem no lenga-lenga de "vendeu a preço de banana! Entreguista!") que de 1997 em diante a Vale teve um crescimento vertiginoso em termos de receita, lucros e valor de mercado.
A imagem é de uma extensa reportagem do ValorEconômico de Novembro de 2010 (AQUI, para assinantes), por isso inclusive os dados cobrem até 2010.
A venda do controle acionário da Vale foi concretizada por $ 3,3 bilhões de dólares, na ocasião, e o que foi leiloado NÃO FOI TODA A EMPRESA: o que foi privatizado equivalia a 27% do capital total da empresa, antes pertencente à União, que representavam 41,73% das ações ordinárias (com direito a voto).
Isso é muito importante por uma razão simples: os mal-informados e/ou mal-intencionados em geral (sim, PT, PSTU, PSOL, PCO, CUT e comprsas, vocês mesmo!) gostam de dizer que o governo vendeu A EMPRESA POR 3 BILHÕES.
ERRADO: o governo vendeu 27% do capital total da Vale do Rio Doce.
Para quem quiser verificar a composição acionária ATUAL da empresa, eis AQUI o link que eu já havia indicado antes, para download em PDF.
Atualmente (dados de março de 2013), a Valepar controla 53,9% da Vale.
Isso significa que a Valepar é quem toma as decisões da empresa.
E quem é a Valepar?
Para quem não sabe, quando usa-se o sufixo "PAR" no nome da empresa, via de regra, estamos nos referindo ao termo "PARTICIPAÇÕES".
Trata-se, pois, de um consórcio de empresas.
No caso da Valepar, eis aqui as empresas que formam o consórcio:
1) Litel/Litela (fundos de investimentos administrados pela Previ) com 49% das ações,
2) Bradespar com 17,4%,
3) Mitsui com 15%,
4) BNDESpar com 9,5%,
5) Elétron (Opportunity) com 0,03%.
Se considerarmos as ações da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) e do BNDES como de alguma influência do governo federal, poderíamos concluir que, por posse ou indicação, cerca de 41% do capital votante da Vale continua sob controle do governo federal.
A rigor, o ÚNICO estrangeiro sócio da Valepar é o grupo japonês Mitsui.
A maioria esmagadora da Valepar (49%) pertence aos fundos de pensão de funcionários do Banco do Brasil.
Cadê o "entreguismo"?
Ficou preso nas mentiras e desinformação da turminha de sempre.
VOLTANDO AOS RESULTADOS: a partir da privatização, a Vale melhorou sob qualquer ótica que se queira analisá-la.
Os gráficos acima mostram isso de forma clara, cristalina.
Aqueles que desejarem aventurar-se nos resultados contábeis desde 1997, ano da privatização, poderão fazê-lo AQUI - trata-se do relatório OFICIAL da empresa, entregue ao órgão fiscalizador da bolsa de New York, que a Vale preparou para prestar contas aos acionistas.
Trata-se de material extenso, OFICIAL, auditado e que não poderá ser entendido ou tampouco analisado por nenhum dos ignóbeis que adoram falar em entreguismo, privataria e termos correlatos.
Eles não teriam QI para tanto - até porque costumam sofrer de analfabetismo funcional nível 4.
Pretendo tratar, em breve, de alguns números apresentados ali.
Por que a empresa melhorou tanto?
Vários fatores influenciaram.
O mercado da Vale cresceu muito, especialmente entre 2005 e 2007, devido à fortíssima demanda por minérios de ferro. Neste ponto, a Vale deve agradecer especialmente a China, que passou a comprar volumes estratosféricos de praticamente todos os produtos da empresa.
Outro fator imprescindível á a GESTÃO PROFISSIONALIZADA, coisa quase impossível em empresas estatais - e ainda mais utópica ainda em estatais BRASILEIRAS, país com altíssimo grau de corrupção.
A Vale incorporou a INCO, empresa canadense, em 2006. Após essa incorporação, o novo conglomerado empresarial CVRD Inco tornou-se a 31ª maior empresa do mundo, atingindo um valor de mercado de R$ 298 bilhões, ultrapassando assim a IBM e superando a Petrobras em cerca de R$ 8 bilhões.
Enquanto a Vale cresceu por conseguir aproveitar um mercado em plena expansão e por ter uma gestão profissionalizada capaz de aproveitar esse mercado aquecido, a Petrobras conseguiu o oposto: a despeito do crescimento contínuo do mercado de petróleo (exceto em 2008, devido à crise nos países desenvolvidos), a empresa tem registrado queda dos lucros, da produção e do valor de mercado, conforme eu já havia demonstrado AQUI.
Finalmente, para quem se interessar em ler mais sobre a gestão da Vale, antes e depois da privatização, sugiro esta dissertação AQUI.
Trata-se de dissertação de mestrado da FGV/RJ, e pesquisa a questão de gestão de mudanças e inovações organizacionais.
OBS.: As privatizações do setor de telefonia também são alvo de críticas infundadas, desinformação, extrema má-fé e discurso retrógrado típico das esquerdas - até mesmo dessa esquerda-caviar vagabunda que temos no Brasil.
Este artigo é um bom começo para quem quiser se aprofundar ainda mais no assunto.
25 de abril de 2013
A falsidade falsificada e o colunista do NY Times que nunca sabe de nada
Este post vai acabar saindo com jeito de desabafo, mas...... fazer o quê?!
Primeiro, transcrevo um texto que recebi, por e-mail. O título do e-mail era "Resposta ao editorial do Estadão e às baboseiras do Jabor". No corpo da mensagem, li isso:
A falsidade continuada contra o PT
Resposta ao editorial do Estadão, publicado na sexta-feira, 27 de agosto)
O Partido dos Trabalhadores se constituiu na luta pela redemocratização do país, tendo como primado a vigência do Estado de Direito. Foi o exercício contínuo da democracia, com liberdade de expressão, de crítica e de imprensa, que conduziu o PT à Presidência da República, em eleições que expressaram a vontade soberana da maioria da população.
Foi a Democracia que nos trouxe até aqui e dela não vamos nos afastar jamais. Ao longo de sua existência, o PT esteve à frente de todas as iniciativas destinadas a aperfeiçoar e consolidar as práticas democráticas entre nós – desde a luta pelo restabelecimento do direito de greve e da liberdade de organização sindical e política, passando pela campanha das Diretas, a convocação da Assembléia Constituinte, até o aperfeiçoamento da legislação eleitoral.
O governo do presidente Lula vem atuando de forma republicana na reconstituição de instituições públicas essenciais que haviam sido esvaziadas, de maneira irresponsável, em governos passados. Por meio de concursos públicos e de investimentos submetidos à fiscalização do Congresso e do Ministério Público, o governo do PT está reconstituindo a capacidade do Estado para atender às demandas do país por saúde, educação, infra-estrutura, segurança, desenvolvimento científico e tecnológico e proteção ambiental, dentre outras.
Compreendemos que outros partidos e setores da sociedade tenham visão distinta sobre a melhor maneira de colocar o Estado a serviço do desenvolvimento econômico e social do país. Mas não podemos aceitar que o legítimo debate político desborde para a agressão, a injúria e a calúnia, como faz o editorial do Estado de S. Paulo de 27 de agosto.
Não é verdade que o PT ou a campanha da nossa candidata, Dilma Rousseff, tenham buscado ou recebido, por meios ilegais, informações sobre políticos e homens de negócios ligados ao candidato da oposição – nem mesmo por interpostas pessoas, como diz o editorial.
Se a Folha de S. Paulo, em quem se socorre o editorial para repetir a afirmação infamante, teve acesso a dados sigilosos de quem quer que seja, cabe a ela apontar sua origem, antes de acusar o PT e a campanha. Repetir sistematicamente que tenham “circulado na campanha” ou conformem um dossiê que ninguém viu; repetir sem amparo em fontes, provas, sequer indícios, é mau jornalismo. É antiético. É uma continuada falsidade.
O PT não fez, não fará nem autoriza que em seu nome se faça qualquer ação fora da lei. Diante da notícia de vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, fomos nós, do PT, que solicitamos a abertura de inquérito na Polícia Federal para esclarecer o fato. Buscamos a verdade.
Tomamos essa iniciativa porque consideramos incompatível com o Estado de Direito democrático a violação de direitos protegidos pela Constituição, não importando a motivação nem a preferência partidária de quem perpetra esse crime.
Agimos assim, à luz do dia e da lei, para que não se repitam episódios como a violação das dívidas com o Banco do Brasil de nove deputados do antigo PPB, que à época (1996) eram constrangidos a apoiar a emenda da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Agimos assim para que não se repita a manipulação da Polícia Federal em benefício de intrigas palacianas, como ocorreu em 1995, quando um embaixador da confiança do ex-presidente teve seu telefone grampeado e suas conversas expostas.
Agimos assim em defesa das instituições em que acreditamos e dos cidadãos que representamos. Para que crimes como esses não fiquem impunes, como não deverá ficar impune a violação do sigilo fiscal dos diretores da Petrobras, devassado em junho do ano passado.
Certas vozes que hoje apontam, sem qualquer fundamento, uma suposta manipulação de setores do Estado no caso da Delegacia da Receita de Mauá, foram as primeiras a fazer exploração política do crime cometido contra os diretores da Petrobras. É uma seletividade que desqualifica a indignação.
Oferecemos esse artigo para publicação em respeito aos leitores, em defesa da verdade e em consonância com o equilíbrio editorial que notabilizou o Estado de S. Paulo ao longo de sua história. A seção de editoriais do jornal – que em outros tempos foi exemplo de independência e coragem política – recusou-se a fazê-lo, interditando o debate de argumentos no mesmo espaço em que fomos caluniados.
Como diriam os editorialistas que sabiam polemizar sem recorrer ao sofisma e à desfaçatez: Sic transit gloria mundi.
José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT.
O e-mail que o Rimoli encaminhou estava assinado por "Alfredo J. B. Luiz, Presidente do Diretório Municipal do PT em Caçapava/SP".
Não sei se a nota é verdadeira, como também não sei se o tal Alfredo existe e, de fato, ocupa este cargo.
Contudo, imagino que o Rimoli não iria enviar um texto apócrifo e/ou adulterado, então parto da premissa de que o PT realmente emitiu esta nota à imprensa. Verificando sua atenticidade (afinal, textos que circulam por e-mail muito facilmente são adulterados), localizei, de fato, a tal nota à imprensa no site do PT, AQUI.
Assim, não posso ler tantas mentiras, tantas bobagens, e ficar quieto.
Qualquer pessoa que acompanha, ainda que superficialmente, a política brasileira - em especial nos últimos 8 anos - sabe que no Brasil a desfaçatez é dominante. Políticos corruptos que se protegem sob a imPunidade parlamentar usam fontes pouco confiáveis quando precisam (ou querem) atacar ou achincalhar seus adversários, mas refutam e questionam as mesmas fontes quando as acusações apontam em sua direção. Isto é a HIPOCRISIA da política brasileira.
Em meio a esta deplorável situação, o PT consegue ser o mais hipócrita, cínico e falso dos partidos brasileiros. Em todos os aspectos, em todas as acepções, e em qualquer situação.
E, convenhamos, isso é MUITO, haja vista que não existe um único partido político, no Brasil, que não esteja atolado em mentiras, corrupção e falsidade.
Afirmo isso sem nenhuma sombra de dúvida, e mostro a seguir o porquê.
O Partido dos Trabalhadores se constituiu na luta pela redemocratização do país, tendo como primado a vigência do Estado de Direito. Foi o exercício contínuo da democracia, com liberdade de expressão, de crítica e de imprensa, que conduziu o PT à Presidência da República, em eleições que expressaram a vontade soberana da maioria da população.
Mentira deslavada. O PT detesta a democracia.
É simples comprovar isso.
Não apenas o PT, de forma institucional, como diversos membros, filiados, deputados e até mesmo o Presidente da República já fizeram, abertamente, críticas à imprensa. Estas críticas embutem o sentimento mais anti-democrático possível: se a imprensa fala mal do meu adversário, OK; mas se a imprensa fala mal de mim, aí eu posso classificá-la de "golpista" ou qualquer outro adjetivo análogo.
Um exemplo está AQUI. O PT e seus asseclas atualmente criticam a Veja, e a classificam como "golpista", enquanto a Carta Capital é uma publicação "amiga" (entenda-se por este termo aquela que ignora as cagadas do governo do PT, reservando-lhe apenas elogios). Se fala bem de mim, é imprensa genuína, de boa qualidade; se me critica, é golpista, marrom, não presta etc.
Interessante que o PT inclusive terceiriza o ataque à Veja, Globo, Folha, Estadão, DataFolha etc (AQUI, por exemplo).
Porém, só para relembrar um caso clássico: Collor.
Hoje, Collor é aliado de Lulla e de Dilma, e anda inclusive fazendo campanha por ella (veja este vídeo).
Mas nem sempre foi assim........
Em 1989, o PT reclamou (aliás, reclama ATÉ HOJE) que a Globo fez uma edição no debate entre Collor e Lulla que veio a prejudicar este. Supostamente, a Globo alterou o resultado da eleição.
Mas não faltaram oportunidades para que o PT reclamasse disso, e o início do processo de queda de Fernando Collor foi uma entrevista bombástica, dada pelo seu irmão à Veja em 1992 (AQUI).
Naquele época, deputados do PT, no Congresso, fizeram discursos com a Veja em mãos, exigindo apurações para as diversas acusações feitas na entrevista.
Ora, naquele momento a Veja era confiável? Ela ainda não fazia parte do PIG ?
A Folha de São Paulo é outra....
Na maioria das vezes, o PT faz o possível e o impossível para desqualificá-la - mas não tem NENHUMA vergonha ou pudor em recorrer às matérias publicadas por ela quando o "alvo" é alguém da oposição, como AQUI, por exemplo.
Por essas e outras, já ficou bastante claro que os elogios e as críticas do PT á imprensa dependem da conveniência, do momento, da circunstância.
Sobre isto, recomendo a leitura deste artigo AQUI.
E, para fechar com um toque de diversão, uma afirmação do atual presidente do PT no Twitter, referindo-se a matéria da Veja, AQUI.
Como se não bastasse, o El País publicou em 20/12/2009 um artigo delicioso, "Cinco hipócritas de 2009" (AQUI). Estranhei o fato de não ter lido/ouvido nenhum comentário de nenhum PTralha..... Afinal, pouco tempo antes, eles estavam exaltando as citações feitas por jornais e outros veículos de imprensa internacionais....
Foi a Democracia que nos trouxe até aqui e dela não vamos nos afastar jamais. Ao longo de sua existência, o PT esteve à frente de todas as iniciativas destinadas a aperfeiçoar e consolidar as práticas democráticas entre nós – desde a luta pelo restabelecimento do direito de greve e da liberdade de organização sindical e política, passando pela campanha das Diretas, a convocação da Assembléia Constituinte, até o aperfeiçoamento da legislação eleitoral.
Vamos relembrar alguns FATOS que diluem estas MENTIRAS:
O PT recusou-se a assinar a promulgação da Constituição de 1988;
O PT foi contra a chamada "Lei da Ficha Limpa", e ainda tentou, sem sucesso, barrar sua votação na Câmara e no Senado;
O PT foi contra o Plano Real, em 1994;
O PT foi contra a Lei da Responsabilidade Fiscal (e permanece contra, mas diz que cumpre para disfarçar)
O governo do presidente Lula vem atuando de forma republicana na reconstituição de instituições públicas essenciais que haviam sido esvaziadas, de maneira irresponsável, em governos passados. Por meio de concursos públicos e de investimentos submetidos à fiscalização do Congresso e do Ministério Público, o governo do PT está reconstituindo a capacidade do Estado para atender às demandas do país por saúde, educação, infra-estrutura, segurança, desenvolvimento científico e tecnológico e proteção ambiental, dentre outras. Compreendemos que outros partidos e setores da sociedade tenham visão distinta sobre a melhor maneira de colocar o Estado a serviço do desenvolvimento econômico e social do país. Mas não podemos aceitar que o legítimo debate político desborde para a agressão, a injúria e a calúnia, como faz o editorial do Estado de S. Paulo de 27 de agosto.
Não há sentido algum mencionar "reconstituição de instituições públicas", pois o PT não fez nada disso. O que fizeram foi INCHAR, desnecessariamente, a máquina estatal.
Não é verdade que o PT ou a campanha da nossa candidata, Dilma Rousseff, tenham buscado ou recebido, por meios ilegais, informações sobre políticos e homens de negócios ligados ao candidato da oposição – nem mesmo por interpostas pessoas, como diz o editorial. Se a Folha de S. Paulo, em quem se socorre o editorial para repetir a afirmação infamante, teve acesso a dados sigilosos de quem quer que seja, cabe a ela apontar sua origem, antes de acusar o PT e a campanha.
A Folha já apontou as origens, já mostrou que os dados vazados eram, de fato, do vice-presidente do PSDB. Tudo isto já está mais do que confirmado, mas o PT faz de conta que não sabe, pois não tem como explicar. Tergiversa devido à incomPTência latente e rotineira.
Repetir sistematicamente que tenham “circulado na campanha” ou conformem um dossiê que ninguém viu; repetir sem amparo em fontes, provas, sequer indícios, é mau jornalismo. É antiético. É uma continuada falsidade. O PT não fez, não fará nem autoriza que em seu nome se faça qualquer ação fora da lei.
Diante da notícia de vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, fomos nós, do PT, que solicitamos a abertura de inquérito na Polícia Federal para esclarecer o fato.
Mentira, novamente. Quem pediu foi o próprio Eduardo Jorge. O PT só se manifestou mais de um mês depois, AFIRMANDO ter pedido tal investigação - mas não apresentou nenhuma prova. Agiu exatamente como afirma que a imprensa agiu, sem apresentar provas. Agiu da mesma forma que acusa Folha, Estadão, Veja, Globo e todo e qualquer órgão da imprensa agir quando surgem denúncias envolvendo alguém do PT.
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O texto acima eu havia escrito originalmente em 2010, mas acabei nunca publicando no blog.
Agora, com a notícia de que o Lulla passará a assinar uma coluna mensal para a agência de notícias do New York Times (o que é diferente de ter uma coluna mensal no jornal New York Times), lembrei desse rascunho jamais publicado.
Alguém mais se lembra quando o correspondente do New York Times no Brasil, Larry Rohter, publicou uma matéria afirmando, entre outras coisas, que o hábito de beber demais era um dos temores que cercavam o Lulla (então no primeiro mandato)?
O Lulla queria expulsar o jornalista do Brasil apenas porque ele escreveu a verdade sobre o presidente bêbado que jamais fez questão de esconder sua apreciação pela pinga e demais derivados.
O PT, na época, desceu a lenha no New York Times.
Mais uma vez, o PT prova que detesta democracia, detesta a imprensa - exceto, claro, se ela publicar o que pareça favorável ao agrupamento de bandidos travestidos de membros da Comissão de Constituição e Justiça.
23 de abril de 2013
A privatização de empresas e as bobagens nossas de cada dia
Fora do blog, percebo que muita gente entende a privatização como sendo "entregar" riquezas do Brasil para que estrangeiros tenham lucro.
Muitos falam isso por desinformação - enquanto outros são movidos por má-fé, interesses escusos etc.
Em 7 de Dezembro do 2007, eu escrevi o seguinte post lá no outro blog:
Os comentários feitos no post foram os mais variados, mas muitos deles eram apenas exercício de demonstração de ignorância sobre o tema, ou alguns malucos desopilando o fígado ao escreverem bobagens virulentas na internet (coisa nada rara).
Num ranking elaborado pelo Boston Consulting Group, que listou as 100 empresas mais competitivas dos países “em desenvolvimento”, uma curiosidade: o Brasil ocupa o 3o lugar, atrás de China e Índia. Para maiores informações, consultar a Folha OnLine aqui, ou o próprio Boston Consulting Group, aqui. A relação completa está aqui.No Brasil, são 13 empresas: Vale, Petrobrás, Embraer, Gerdau, Votorantim, Braskem, Sadia, Perdigão, Natura, Coteminas, WEG, JBS-Friboi e Marcopolo. Destas, APENAS UMA É ESTATAL.Todas as demais são empresas privadas.Duas delas (Vale e Embraer) foram privatizadas (na época de FHC). Que foi criticado (ainda é, até hoje), chamado de “privatista”; muita gente, por pura falta de conhecimentos, acreditou quando o PT colou a pecha de “privatista” no picolé de chuchu (Alckmin) nas últimas eleições. O PT usou e abusou da burrice de muita gente, que simplesmente nunca entendeu o que foi a privatização – e, por alguma razão obscura, acha que é algo parecido a “entregar o Brasil” ao “poder imperialista” ou bobagem que o valha.Cadê os bitolados defensores da estatização ?Será que a Vale do Rio Doce constaria desta lista se ainda fosse estatal ? Será que aqueles mentecaPTos ainda querem reestatizar a Vale ?
Selecionei alguns exemplos (que estou transcrevendo exatamente como foram escritos):
1) e se site e uma droga nao da seu idiota que fez e se siteÉ difícil ignorar todos os erros que aparecem nesses comentários - erros de ortografia, sintaxe, concordância, alguns de digitação apenas, mas o mais grave é o erro da desinformação.
2) Abestalhado!
Só um burro mesmo para ser a favor das privatizações
3) Porque com toda sua inteligencia vc não muda de nacionalidade ? A empresa estatal, competitiva ou não, É PATRIMONIO DO POVO BRASILEIRO !!! Isso inclui vc….mas acho que vc tem vergonha de ser brasileiro certo ?
4) Quanta ignorância! As estatais faturam mais, por que cobram mais pelos serviços “esperto” e você paga mais. O Brasil é um exportador de matéria prima e importador de manufaturados desde Colônia.
A Vale por exemplo já era a segunda maior mineradora do mundo e o dinheiro oriundo de suas exportações eram um dos responsáveis pela balança favorável de pagamento. Então me explica como uma empresa dessas dava prejuízo. O pior é que além de acreditar nessa besteira de prejuízo, você ainda divulga. Ia esquecendo de dizer que a Siderúrgica Nacional já era a terceira do mundo antes de ser privatizada e a EMBRAER já vendia motores de aeronaves para o mundo todo. Se isso é prejuízo! Entedeu ou preciso desenhar?
Obs.: no site Brasil dados e fatos você pode acompanhar que o aumento da carga tributária no governo FHC foi maior que no governo LULA. Ou seja nos pagamos mais ipostos no governo FHC, mesmo com as privatizações;
Por falar em rombo onde está o dinheiro das privatizações, que o próprio BNDES emprestou para os compradores? Vê se pode: você vende emprestano o dinheiro para o comprador para que ele pague com o lucro que tiver nas suas costas.
5) cada um tem o direito de pensar diferente,mais não posso concordar com aqueles que acham que somos ingenuose,pois só pessoas que tem o pensamentos de capitalistas, especuladores,explotadores da classe trabalhadora,anti-patriota e acima de tudo milpes acham que as privatizações poderiam nelhor nosso pais.Cadê o dinheiro das privatizações?qual a melhora da educaçõa,saude,moradia,telefonia,energia,segurança,será que cada vez mais os mais ricos não estão mais ricos,amigo,pense melhor,o Brasil e de todos e não de um percentual reduzido que não representa a vontade de nuitos.
6) A escolha de um candidato em quem votar afeta diretamente nossa vida pessoal e coletiva. Neste ano de 2010, temos a grande chance de derrotar quem sempre jogou no time de FHC. Serra, impedindo o crescimento do Brasil.
Para refrescar a memória, leia abaixo para você NÃO votar no “carequinha”:
Privatizou varias empresas como COELCE, TELECEARA, BEC, VALE DO RIO DOCE, EMBRAER entregando um valioso patrimônio do nosso Estado a empresas privadas e elevando o valor das tarifas pagas.
7) Apropriação das riquezas do Estado por alguns grupos privados privilegiados – que objetivam apenas obter lucro para si, nem sempre com isso aumentando o “bem estar” da população ou a riqueza do país.
um governo ‘ideal’ poderia atingir um maior nível de eficiência administrando diretamente uma empresa estatal do que privatizando-a.” quem privativa não da conta, vende teu carro tua casa teus bens pra outra pessoa administrar. o verdadeiro lucro de um país é o bem estar de (todos), e não um carrão importado, uma mansão na praia etc…
8) Com certeza a Carta a Capital tem mais credibilidade que os seus escritos carregados de ódio, onde ninguém tira nada de proveitoso.
Perca de tempo ler o que você escreve, parece uma cobra que perdeu veneno e tá louca da vida.
Quanto aos termos perjorativos que você usa demostram o seu baixo nível. Ao mesmo tempo em que você fala que a “Carta Capital e as outras invenções PTistas” falam mentiras, o senhor fala de conspirações que só existem em contos de fadas. Pelo amor de Deus! Faço, agora, minhas a palavras do rei da Espanha. TE CALA!!!
Pode-se verificar que, com grande frequência, os que criticam a privatização - no geral, mas especificamente as privatizações feitas pelo FHC - acham que se trata de entregar "patrimônio do povo brasileiro" para "estrangeiros que visam apenas ao lucro".
O exemplo que gosto de usar é justamente o da Vale do Rio Doce (hoje apenas "Vale").
Além de ser uma das mais comentadas privatizações dos anos FHC (tanto positiva quanto negativamente), o caso da Vale serve para demonstrar que a privatização não entrega riquezas nacionais para que estrangeiros lucrem (como se lucrar fosse pecado capital!).
Muito pelo contrário:
Do capital ordinário da Vale, 53,3% estão nas mãos da holding Valepar. É essa holding que define a estratégia da companhia, via conselho de administração, e que escolhe a alta cúpula de gestão da mineradora. Em outras palavras, a Valepar é o coração e o cérebro da Vale do Rio Doce.
E quem é a Valepar? São três fundos de pensão, dois deles patrocinados integralmente por estatais – a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e a Petros, dos trabalhadores da Petrobras – , a empresa de participações do BNDES, a Bradespar (ligada ao grupo que controla o Bradesco) e a japonesa Mitsui.
Juntos, BNDESPar e fundos têm 60% do capital votante da Valepar.
O capital nacional tem 81,75% das ações ordinárias da holding. A União detém ainda seis ações especiais, as “golden shares”, que lhes dão alguns poderes de veto, como mudança do local da sede.
Essa explicação, básica, foi dada numa reportagem do ValorEconômico de Outubro de 2007.
Existem 122 fundos de pensão BRASILEIROS que são acionistas da Vale.
Todos estes 122 fundos são formados INTEIRAMENTE por brasileios que investiram recursos na compra de ações da empresa - muitos, inclusive, usando o FGTS, visando a rendimentos futuros, quando de suas aposentadorias.
Estes brasileiros, milhares de pessoas físicas, investiram economias na expectativa de receberem DIVIDENDOS e participação nos lucros da empresa.
Após a privatização, a Vale saiu de um lucro de 500 milhões de dólares (em 1996), atingindo 12 bilhões de dólares em 2006, e, finalmente, 41 bilhões de dólares em 2011.
Mas não foi só isso: o número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização - em 1996 eram 13 mil e em 2006 eram mais de 41 mil.
Para quem quiser ver a composição acionária da empresa atual (dados de março de 2013) basta baixar o PDF AQUI.
Um bom resumo da atual situação da Vale é o "fact-sheet", disponível AQUI (também em formato PDF, para download).
Enquanto isso, no lado oposto da Vale, temos a Petrobras.
Começo com um gráfico roubado do blog do Drunkeynesian, que mostra a evolução do consumo de gasolina no Brasil versus a importação da gasolina entre 2000 e 2012:
Vemos ali o quanto cresceu a importação de gasolina.
Mas a ESTATAL Petrobras investiu R$ 35 milhões em 2008, ano em que o Lulla concorria à reeleição, para fazer propaganda alardeando a tal "auto-suficiência do Brasil" em combustíveis.
Era mentira.
Uma mentira que causou um prejuízo de R$ 35 milhões a cada um dos contribuintes do Brasil que pagam seus impostos.
Mas não para nisso....
Vamos aproveitar para comparar este gráfico acima com um outro.
Abaixo, o gráfico dos LUCROS da Petrobras, por TRIMESTRE, a partir de 2011:
O consumo da gasolina cresceu MUITO a partir de 2010, mas a desastrosa gestão da Petrobras (entulhada de sindicalistas e PTistas de todos os lados) conseguiu fazer com que o lucro da empresa caísse....
Ora, até mesmo o Seu Manoel, dono da padaria, sabe que quando a padaria dele vende mais (pães, salgados, doces etc), a tendência natural é que o seu lucro aumente também.
Seria muito melhor se o Seu Manoel fosse o presidente da Petrobras, ao invés do Gabrielli, que destruiu a empresa.
E todos nós, contribuintes, pagamos por isso.
Se a Petrobras fosse privada e tivesse prejuízo, o problema seria exclusivamente dos seus acionistas.
Se uma empresa estatal tem prejuízo, aí todos pagamos - mas se ela tem lucro, nós não ganhamos nada.
Lulla e o PT roubaram a Petrobras diversas vezes. Leia alguns detalhes AQUI.
Em TODAS as vezes, por ser uma estatal, o prejuízo foi dividido entre todos os cidadãos brasileiros.
Em suma: ser contrário à privatização (qualquer uma) é um direito de cada um, evidentemente.
Porém, o pessoal poderia tentar arranjar algum argumento minimamente inteligente, não?
10 de março de 2012
A inabalável conveniência de um "jornalista de aluguel"
Paulo Henrique Amorim, em 1998, foi o responsável por uma reportagem, no Jornal da Band, que ensejou este direito de resposta do então candidato (derrotado) à Presidência da República:
Paulo Henrique Amorim tem uma conveniência inabalável, como se vê.
Um exemplo de "jornalista de aluguel": aluga sua opinião a quem pagar mais.
31 de agosto de 2010
Relembrando alguns fatos
Este vídeo é só para relembrar alguns fatos àqueles desavisados que podem até acreditar que o PT "defendeu" ou "apoiou" o Plano Real.
Mentira.
Para relembrar, sugiro MAIS ESTA LEITURA.
29 de agosto de 2010
A sucessão de cagadas da eleição 2010
Na semana passada, por pura coincidência, eu estava falando sobre POSICIONAMENTO DE MERCADO numa aula, na graduação.No dia anterior, eu havia visto a HORRENDA propaganda política do Tiririca (AQUI), e acabei usando o "slogan" dele como exemplo de posicionamento de mercado - conceito que pode ser aplicado a empresas, mas também a campanhas políticas.
Agora, ao dar uma geral nas notícias, leio a seguinte:
De passagem por Ribeirão Preto (a 313 km de SP) neste sábado, o candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, afirmou que os tucanos deixam a desejar quando se trata de divulgar as próprias ações.
Ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB), candidato ao governo de São Paulo, Serra discursava na inauguração de um comitê eleitoral e fazia comparações entre PSDB e o PT quando afirmou: "O nosso partido faz, mas não é muito bom de marketing. Para o [ex-governador Mário] Covas eu dei nota 2,5 em marketing. O Geraldo Alckmin foi 4 e, no meu governo, 5."
O texto da Folha está AQUI na íntegra. O título da matéria é sugestivo: Para Serra, PSDB 'não é bom de marketing'.
Bom, excluindo-se o erro conceitual da repórter, que parece achar que "marketing" é sinônimo de "propaganda" (erro que, me parece, foi cometido pelo Serra também, e aliás é muito comum), achei coincidência porque, no rastro do exemplo do posicionamento da campanha do Tiririca que usei em sala, eu acabei mencionando outras campanhas políticas também. A do Serra foi uma delas.
Em linhas gerais, o que eu disse na aula foi o seguinte: o Serra (e o PSDB no geral) está absurdamente fora de rumo, devido à inexistência de um posicionamento claro.
Ele quer se colocar como oposição do (des)governo Lulla ou como continuidade? Na entrevista concedida ao Jornal Nacional, esta pergunta foi feita de maneira clara, objetiva e direta. A resposta dele, por outro lado, deixou a desejar.
Aliás, "deixou a desejar" é eufemismo.
A resposta dele deixou claro que ele (e seu partido) não têm NENHUMA idéia sobre o seu posicionamento nesta campanha. Eis o vídeo:
Quem, como eu, desejava uma forte oposição à desgraça do PT, está sem opção.
Se tem uma coisa que o PSDB precisa aprender é que usar argumentos claros, lógicos e racionais para desmontar a farsa do PT não resolve.
Primeiro, porque o PSDB viu o Lulla e seu séquito de asseclas ignóbeis roubar o crédito de grande parte das iniciativas de FHC - além do Bolsa Família (que se chamava Bolsa Escola). No debate Folha-UOL, a Dilma chegou ao cúmulo de afirmar taxativamente que o PT acabou defendendo e apoiando o Plano Real - uma mentira deslavada. Mas que ninguém contestou!
Como é que o PSDB deixa passar em brancas nuvens uma mentira dessa magnitude?
Por que eles deixam a Dilma mentir tão descaradamente?
Falta de posicionamento.
Falta de clareza sobre qual posição o PSDB deveria (ao menos em tese) ocupar no espectro político.
Segundo, porque o PSDB deixou, durante OITO ANOS, que o Lulla e o PT fizessem o que bem entenderam, abrindo mão das ações inerentes àquilo que deveria ser uma OPOSIÇÃO.
E o PT aproveitou!
Aparelhou sem pudores o Estado, usou dinheiro público para mensalões, Aero-Lulla, e outras coisas mais; colocou sindicalistas, amigos e defensores em cargos públicos, o que, como consequência, elevou as receitas auferidas pela doação de parte dos salários aos filiados do PT; fez turismo, desfilou ao lado de presidentes, chanceleres, reis e rainhas (tudo às custas dos contribuintes, que só viram a carga tributária aumentar, vorazmente).
Enquanto tudo isso acontecia, o PSDB calou. Em alguns momentos, aliás, fez pior: preferiu promover brigas internas, na sanha de massagear egos.
Neste sentido, aliás, o texto da Barbara Gancia publicado na Folha da última sexta está irretocável: AQUI, na íntegra para assinantes.
Terceiro, porque graças à herança do FHC, o Lulla transformou os resultados das ações do PSDB em frutos do SEU (des)governo! A PTralhada repetiu à exaustão o termo "herança maldita", mas era tudo mentira. Lorota.
Porém, o PSDB deixou isso acontecer! Em 2006, na eleição, quando o PT colou no Alckmin o "fantasma da privatização", ninguém no PSDB se deu ao trabalho de defender a privatização de diversos setores realizada nos anos FHC. Ninguém se deu ao trabalho de explicar que foi graças à privatização do setor de telefonia, por exemplo, que o Brasil vem conseguindo bater recorde sobre recorde na expansão dos celulares, no barateamento dos telefones fixos, na universalização de serviços básicos de comunicação....
Tão simples, mas nem isso conseguiram!
Quarto e último, porque nunca vi, nos meus parcos 35 anos de vida, uma eleição tão sonsa e vazia como esta.
As pessoas não têm interesse em discutir os rumos do país, e os candidatos (NENHUM) não têm interesse e/ou competência para discutir políticas públicas sérias, factíveis. Tenho visto discussões inócuas sobre factóides débeis (PAC, Minha Casa Minha Vida, PNDH etc), mas nenhuma palavra sobre questões reais, factíveis, verídicas, tangíveis.
Esta imobilidade da população como um todo gera riscos.
O caso da violação do sigilo fiscal de membros da campanha tucana (as notícias são fartas e frescas, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI), noutros tempos, seria um verdadeiro escândalo. Hoje, não.
Parece que todos estão vendo ações escabrosas do PT, mas ninguém mais se importa.
Fernando Collor de Mello sofreu impedimento legal da Presidência da República por muito menos.
Aonde estão os "caras-pintadas"?
Aonde está a indignação dos artistas, outrora tão engajados?
Aonde estão aqueles que lutaram contra a ditadura militar?
Aonde estão os brios daqueles que não desejam que o governo (qualquer um) tenha a prerrogativa de vasculhar sua privacidade por conveniência político-eleitoral?
Aonde estão os defensores da liberdade e dos direitos humanos? Ou será que o sigilo fiscal deixou de ser um direito constitucional?
Há, obviamente, aqueles que enxergam exagero ao fazer ligação entre as ações do PT e uma eventual ditadura.
Eu discordo.
O vídeo abaixo, exceção feita ao final (uma montagem com textos mal escritos e uma música brega, cafona demais), serve de material bastante claro para mostrar que há razões de sobra para preocuparmo-nos com as ações sistemáticas do PT (e/ou de suas facções, internas ou externas) contra a liberdade de expressão:
Além disso, recomendo a leitura (atenta) dos seguintes textos: AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, e AQUI.
Complementarmente, para contextualizar o medo que o PT tem da democracia (de verdade), mais alguns: AQUI (chamo a atenção para o comentário feito pela "Silvia", um show de democracia!), AQUI e AQUI.
Finalmente, uma leitura IMPERDÍVEL é este artigo AQUI.
Se juntarmos os pedaços, as partes, teremos uma imagem clara.
A imagem não é bonita.
Por tudo isso, e muito mais, concordo com esta carta AQUI.
15 de novembro de 2009
Entrevista com FHC
São tantos assuntos......
Quero, em breve, detalhar alguns deles.