Marketing, economia, administração, educação, política, música - enfim, um pouco de tudo.
26 de julho de 2013
Construção da marca, empreendedorismo e tecnologia
Depois de ver o vídeo abaixo, lembrei de um texto interessante sobre branding e empreendedorismo.
Primeiro, o vídeo (curtinho):
O texto está AQUI, e trata de construção de marcas em pequenas empresas, empreendimentos que estão começando.
Paralelamente, algumas sugestões para o fim de semana:
1) Recomendo a leitura deste artigo AQUI, sobre mobile social networking, bem interessante.
2) O vídeo abaixo é a palestra do Ministro da Economia e Tecnologia da Alemanha na Universidade Stanford, em Maio/2013. Como é bom ver um Ministro que entende do assunto da sua pasta, numa discussão de alto nível!
19 de julho de 2013
GIGANTES DA INDÚSTRIA - documentário imperdível
Para quem quiser entender um pouco mais sobre capitalismo, sociedade, governo e empresas, além de conhecer uma parte da vida dos maiores empreendedores da História, recomendo fortemente o documentário OS GIGANTES DA INDÚSTRIA.
O History Channel passou recentemente, mas eles fuderam o documentário com excesso de intervalos e falta de regularidade de transmissão (tentei gravar mas mudanças de horário e reprises me quebraram).
Descobri um site que tem os 8 episódios disponíveis para download (infelizmente para mim, apenas nas versão dublada em português, sem opção de áudio original). Veja AQUI.
De qualquer forma, esse é um documentário que, se estivesse disponível em DVD, eu compraria sem hesitar.
IMPERDÍVEL.
Aqui o teaser oficial:
Obs: os arquivos que baixei pelo site estavam em formato MKV, um formatou pouco usual, e que muitos softwares populares não conseguem reproduzir. Use um aplicativo chamado VLC. É o melhor player que conheço, porque consegue abrir tudo que é formato de áudio e vídeo. Além disso, tem versões para Mac e Windows, e agora também para iPhone (iOS).
Você pode baixar AQUI.
É gratuito, e funciona bem pacas!
6 de junho de 2013
O garoto que na Europa é empreendedor, no Brasil seria "fora da lei"
O vídeo abaixo é um trecho de um programa de TV de Portugal. Tomei conhecimento graças ao blog do Reinaldo Azevedo.
A TV RTP tem um programa chamado “Prós e Contras”, comandado pela jornalista Fátima Campos Ferreira. “Prós e Contras” fez um debate cujo tema era sugestivo: “Mudar o país ou mudar de país?”.
Os convidados do dia eram jovens empreendedores, que estavam lá para relatar a sua experiência. Um deles foi Martim Neves, um garoto de 16 anos que, aos 15, criou uma marca de roupa chamada “Over it”. Seu produto é um sucesso, e ele já está até exportando.
Num dado momento, ele é interrompido por uma tal Raquel Varela.
O garoto de 16 anos humilhou a debilóide esquerdistinha de meia tigela com poucas palavras, mas foram tão acertadas que ela ficou com a carinha de debilóide estraçalhada no chão.
QUASE dá para sentir pena da esquerdopata...
Ao que consta, a tal Raquel Varela é doutora em História Política e Institucional (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa).
Como Marilenas Chauís e Emires Saderes da vida, ela achou que sua titulação e sua clara posição socialista seriam suficientes para intimidar o garoto de 16 anos, tentando fazê-lo parecer um explorador de trabalho escravo na China ou em Portugal.
Mas o feitiço virou-se contra a bruxa.
A resposta do garoto foi de uma simplicidade tão avassaladora, mas ao mesmo tempo tão complexa, que a doutora Raquel teve que enfiar o rabinho entre as pernas e fazer cara de paisagem. Ela poderia, inclusive, ter pedido licença, dizendo que precisava cagar, e sair do programa.
Em tempo: no Brasil existe uma lei PROIBINDO que garotos de 15 anos trabalhem.
Martim Neves, em Portugal, é um empreendedor de sucesso.
No Brasil, teria seus pais acusados por algum burrocrata metido a adorador de Che Guevara e seria impedido de empreender.
Isso diz muito sobre o Brasil.
Ajuda a explicar, inclusive, por que temos os bolsas-famílias da vida, os Lullas, as Dilmas, os Genoínos, os Malufs, os Tiriricas, os Suplycis, os Dirceus etc.
30 de abril de 2013
Por um Facebook com menos gatinhos e mais conteúdo
Eu tinha guardado essa matéria da Folha de São Paulo de novembro de 2011, e "achei" numa limpeza de final de semana.
Aproveito para colocar aqui no blog, pois acho uma idéia muito boa - especialmente porque ando farto do Facebook, com todos aqueles gatos, mensagens de auto-ajuda idiotas etc…
Segue a matéria na íntegra, com grifos meus:
Engenheiros fazem 'tira-dúvidas' avançado
Criação coletiva de respostas é diferencial desenvolvido pelos fundadores do site Ledface, de ex-alunos da Unicamp
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULOSites de perguntas e respostas, como o do Yahoo!, são tão antigos quanto a própria internet. Mas eles estão ficando mais sofisticados, com cara de rede social e softwares inteligentes que ajudam a melhorar as respostas.
Na esteira do sucesso do Quora, site de perguntas e respostas de ex-executivos do Facebook avaliado em US$ 300 milhões pelo Goldman Sachs, acaba de entrar no ar o brasileiro Ledface.
Desenvolvido por um grupo de engenheiros formados na Unicamp a partir de doutrinas liberais da websfera como software livre, cocriação e anonimato consciente, o site está em fase beta (pré-lançamento em linguagem web).
Em apenas um mês, e sem divulgação, contabiliza 2.900 usuários cadastrados, sendo 52% do Brasil. O site pode ser acessado em português, inglês ou nas duas línguas ao mesmo tempo. Já são 3.100 perguntas, das quais 71% foram respondidas.
Tem de tudo: de alguém querendo saber se vale a pena comprar um apartamento com varanda "Gourmet" a um fumante buscando ajuda para largar o cigarro. "Não existe pergunta idiota. Se é algo que te aflige, a pergunta é válida", diz Horácio Poblete, um dos fundadores.
Diferentemente do Yahoo! Respostas ou do Quora, no Ledface a resposta não vem de apenas uma pessoa, mas é construída coletivamente, em um processo de cocriação. As perguntas são enviadas para 50 pessoas que o Ledface acredita serem as mais indicadas. Cada um que entra para responder tem autonomia para corrigir ou aprimorar respostas anteriores.
O Ledface é uma robô mulher. É inspirada na Eva, robô da animação "Wall-E", da Disney Pixar, que salva a humanidade da destruição.
Cada usuário tem o seu perfil construído a partir de informações subjetivas, como preferência de cores. O perfil evolui de acordo com a interação do usuário.
A tecnologia levou um ano para ser desenvolvida e mimetiza a formação de enxames de abelha.
Com um investimento inicial de R$ 200 mil, bancado pelos sócios e amigos, o site foi um dos três vencedores do Prei (Prêmio RBS de Empreendedorismo e Inovação), anunciado na sexta-feira.
A equipe do Ledface não gosta de comparações com o Quora e tem como referência o Vark, site de perguntas e respostas comprado pelo Google por US$ 50 milhões.
A partir do perfil dos usuários, o Vark buscava pessoas mais adequadas para responder a cada pergunta. Chegou a 100 mil usuários. Apesar do sucesso, foi fechado pelo Google no mês passado.
O Ledface deve entrar em operação para valer em 1º de janeiro. "Agora estamos mais preocupados em aprimorar o site e aumentar o grau de retenção [usuários frequentes]. Hoje a retenção é de 18%, a meta é chegar a 20% até o fim do ano", diz Poblete.
Ele acredita que será preciso 100 mil usuários para a inteligência coletiva do Ledface se tornar abrangente e relevante. O objetivo é chegar a esse número em seis meses.
Inteligência coletiva é produzida por anônimos em site brasileiro
Apesar de se enquadrar na mesma categoria de perguntas e respostas do Quora, o Ledface é quase que a antítese do site do americano.
Enquanto o primeiro faz sucesso por atrair celebridades do Vale do Silício, no Ledface a inteligência coletiva (constituída pelo acervo de perguntas e respostas) é produzida por anônimos.
Sócio fundador do Ledface, Horácio Poblete acredita que, sob anonimato, as pessoas ficam mais dispostas a compartilhar conhecimento de forma espontânea.
"O Facebook e o Quora viraram plataformas para fazer marketing pessoal. Ninguém fala o que pensa de verdade, é uma exposição de egos."
Em um ambiente anônimo, acredita Poblete, uma pessoa que entende muito de determinado assunto, mas não quer se expor, pode contribuir anonimamente com seu conhecimento.
"No Ledface não interessa quem é você, mas o seu conhecimento. Quando as pessoas têm de se identificar, elas não vão revelar suas dúvidas. E elas só vão dar respostas que possam contribuir positivamente para as suas imagens públicas."
Para evitar a chamada trollagem -gíria para pessoas mal-intencionadas que se escondem no anonimato da web para fazer comentários abusivos-, o programa faz uma avaliação da performance de cada usuário. Quem contribui de forma construtiva, com respostas que satisfazem ou surpreendem positivamente quem perguntou, ganha créditos.
Por conta da rede de contatos de seus fundadores, ex-Facebook, o Quora atraiu gente de peso em seu início.
Se a pergunta era sobre Palo Alto, a resposta viria de ninguém menos do que o prefeito da cidade americana. Até Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, apareceu para responder a perguntas.
Mas o Quora é ainda uma rede fechada. É preciso ser convidado para entrar. "Quando a rede se abrir para qualquer um, a tendência será de queda de qualidade. O enorme conhecimento adquirido pelo Quora até aqui vai acabar se diluindo", afirma Poblete.
Ele acredita que o anonimato consciente deve atrair mais mulheres para o Ledface. "Elas não entram nessa guerra de egos", diz ao observar que no maior site de inteligência coletiva, a enciclopédia Wikipédia, 87% dos que contribuem são homens. E eles precisam se identificar e passar pelo crivo de editores.
RECEITA
Para gerar receita, o Ledface pretende atrair publicidade e oferecer versões fechadas para empresas. A ideia é usar a ferramenta para estimular a troca de conhecimento nas empresas, permitindo a interação anônima entre funcionários, passando ao largo de cargos e hierarquias.
Acabei de me cadastrar no site, e vou fuçar melhor antes de emitir qualquer opinião.
A idéia, porém, já tem meu total apoio!
5 de dezembro de 2012
O papel dos empresários no relacionamento cliente-empresa
Analisando brevemente a evolução do marketing, pode-se perceber que ele tem se voltado cada vez mais para o foco no cliente: há alguns anos, o cliente passou a ser o “centro” de tudo. Isso é bom, pois nenhuma empresa consegue sobreviver sem clientes — ela pode até ser muito boa em produzir determinado produto, ou prestar um certo serviço, mas se não conseguir ninguém disposto a comprá-lo, fecha as portas.
Outra tendência histórica do marketing é estudar o relacionamento cliente-empresa, que deve oferecer benefícios para as duas partes: o cliente deve receber não apenas um produto ou serviço que atenda suas necessidades e anseios, mas deve ser tratado de tal forma que não tenha vontade de buscar uma solução (produto ou serviço) da concorrência; a empresa, por sua vez, deve beneficiar-se através de lucros maiores vindos de clientes satisfeitos que não se deixam seduzir por ofertas momentâneas de outras empresas.
Inclusive por isso, repete-se à exaustão o mantra que “preço baixo não fideliza clientes”. E não fideliza mesmo! O que fideliza clientes (e, portanto, oferece maiores margens de lucro às empresas) é o relacionamento cliente-empresa. No marketing, criou-se o termo “marketing de relacionamento”, que passou a designar esta preocupação com o cliente.
O marketing de relacionamento busca gerar os seguintes resultados: maior percentual de clientes satisfeitos; maior lealdade dos consumidores; percepção do mercado de que a empresa oferece produtos de melhor qualidade; mais lucro para o vendedor. Trata-se de um processo contínuo, que requer que a empresa tenha contato constante com os consumidores para assegurar que os objetivos estejam sendo alcançados e exige também que haja real integração da filosofia do marketing de relacionamento em todos os processos da empresa. Este costuma ser o maior desafio: algumas empresas acham que o marketing de relacionamento deve concentrar-se num único departamento, ou num pequeno grupo de funcionários — por exemplo, apenas aquele grupo que lida diretamente com os clientes.
Não é verdade.
Precisamos entender que TUDO faz parte do relacionamento entre o cliente e a empresa. Algumas coisas mais óbvias e visíveis são aquelas relativas à aparência, educação, cortesia e eficiência no atendimento: cada funcionário representa a empresa, em todos os momentos, então é crucial que haja treinamentos capazes de mostrar as maneiras adequadas de tratar o cliente. Isso vale para os processos de pré-venda, venda e pós-venda. Quando o cliente está indeciso, comparando produtos e serviços, quem o atende deve estar preparado para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do produto, as características do serviço, preços, garantias etc.
Durante a venda, é preciso agilidade: o cliente não deve esperar meia hora para uma simples emissão de nota. Vender um item que não existe em estoque é um erro terrível, que demonstra completo desinteresse por parte do vendedor — pior do que isso, só mesmo deixar o cliente esperando 20 minutos para que se descubra que o item está indisponível. Faça isso e perca um cliente para sempre.
Porém, o grande desafio para a empresa interessada em fidelizar o cliente vem no pós-venda. Pode ser no momento de prestar assistência técnica (no caso de defeito do produto), ou então pode ser na identificação do grau de satisfação do cliente com o produto ou serviço — mas, por favor, espere o cliente ter tempo de experimentar o produto/serviço. Já vi casos de montadoras de automóveis que ficavam tão ansiosas em saber a opinião do cliente que ligavam 2 dias depois de o cliente retirar o carro novo da concessionária. Ora, em 2 dias o cliente não teve tempo, ainda, de avaliar seu grau de satisfação!
Contudo, mais importante do que apenas ligar para o cliente e perguntar sua opinião é saber o que fazer com esta opinião. Se sua empresa vai anotar a opinião dos seus clientes num pedaço de papel e depois deixar esta informação “na gaveta”, nem perca seu tempo ligando para o cliente ou enviando uma pesquisa de satisfação por correio ou e-mail/internet. O relacionamento cliente-empresa deve basear-se na VERDADE. Se a empresa não irá usar a informação DE VERDADE, deve economizar tempo e dinheiro e simplesmente NÃO procurar o cliente.
Digamos, por exemplo, que o cliente gostou do produto, mas tem 2 reclamações sobre o seu funcionamento. Isso indica que a empresa conseguiu uma informação — mas e se ela não sabe o que fazer com esta informação? Novamente perdeu-se tempo e dinheiro. Inclusive o tempo do cliente, ao responder o questionário de satisfação — mesmo que sejam apenas 3 ou 4 perguntas.
Há inúmeras pesquisas que demonstram que clientes que tiveram seus problemas solucionados se mostram mais fiéis do que clientes simplesmente satisfeitos; seria o reconhecimento da seriedade da empresa no pós-venda. Em suma, o marketing de relacionamento comprova que a correção do erro é mais bem recebida do que a perfeição.
O grande objetivo de criar uma relação entre a empresa e seus clientes é justamente beneficiar ambos os lados, o cliente e a empresa. Se o benefício é unilateral, o relacionamento não vai durar — e, pior ainda, vai acabar sendo prejudicial. Tanto a empresa quanto o cliente devem ser beneficiados pela relação criada. É bom repetir isso sempre, inclusive dentro da empresa, pois se trata do aspecto mais importante.
Artigo originalmente publicado na Revista Atitude Empreendedora (número 3, 2012).
3 de dezembro de 2012
Gestão empresarial: técnicas modernas e simples aplicadas à pequena empresa
Dentro do estudo da Administração de Empresas, é bastante comum a utilização de muitas siglas e nomes que parecem complicadíssimos: CRM, ERP, SCM, Balanced-Scorecard, Business Intelligence, Downsizing, Brand Equity e assim por diante.
Percebo que os gerentes e proprietários de pequenas e médias empresas, várias vezes, acham que esta “mania” de utilizar nomes e siglas complicadas escondem uma prepotência teórica típica de executivos de grandes empresas, ou acadêmicos (geralmente professores que vivem num “mundo à parte”, sem conhecimento das dificuldades do dia-a-dia das empresas, especialmente das pequenas). Isso acaba fazendo com que estas pequenas empresas, que tanto podem e precisam ser beneficiadas pelas técnicas de gestão mais modernas, acabem se distanciando de conhecimentos e ferramentas que poderiam ajudar na melhoria da administração de seus negócios.
Outras vezes, ironicamente, estas pequenas e médias empresas acabam praticando algumas destas teorias, mesmo sem saber o nome ou conhecer os detalhes dos conceitos. Como exemplo, creio que o mais significativo é o de CRM: Customer Relationship Management (traduzindo ao pé da letra é “gestão do relacionamento com o cliente”) tem como principal objetivo gerenciar o relacionamento entre a empresa e seus clientes, de maneira a oferecer benefícios mútuos. Muitas das práticas de fidelização apresentadas pelas teorias de CRM indicam que um dos fundamentos mais sólidos para o marketing de relacionamento é tratar os clientes de maneira individualizada, única – e muitos proprietários de pequenas empresas têm muito a ensinar sobre este aspecto, inclusive aos grandes executivos e “CEOs” de multinacionais.
As grandes empresas, aliás, têm sérias dificuldades em gerenciar o relacionamento com seus clientes. Um dos fatores que ajudam a explicar isso é exatamente o tamanho da empresa: em tese, quanto maior a empresa, maior o número de clientes que ela tem. Pensando num grande banco, por exemplo, em comparação a um pequeno prestador de serviços: um banco precisa lidar com 20 milhões de clientes (ou mais), enquanto o pequeno prestador de serviços atende no máximo uma centena de clientes. Para esta pequena empresa, conhecer as preferências dos clientes é muito mais fácil do que para o grande banco. Então, o primero passo já está dado; é preciso, a seguir, saber utilizar este conhecimento sobre o cliente para melhorar o atendimento, criar novos produtos ou serviços, corrigir erros etc.
Assim, o importante é que gerentes e administradores de todos os portes e tipos de empresas estejam permanentemente abertos à mudança de paradigmas e especialmente ao aprendizado – da mesma maneira que muitas pequenas empresas poderiam aprender com as grandes, a recíproca é verdadeira.
Grande parte das modernas técnicas administrativas (senão todas) são, na verdade, baseadas em conceitos bastante simples e uma boa dose de lógica. Vejamos o exemplo do “Balanced Scorecard”: nas palavras de Robert Kaplan, um dos criadores deste conceito, devemos pensar “no sistema integral chamado Balanced Scorecard como se fossem os instrumentos e indicadores de vôo da cabine de um avião. Para fazer um avião voar, os pilotos necessitam de informações detalhadas sobre muitos aspectos do vôo: combustível, velocidade, altitude, rumo, destino e outros indicadores que resumem o contexto atual e futuro. Confiar em um só instrumento poderia ser fatal”.
O conceito do Balanced Scorecard, então, deveria ajudar as empresas (todas, independentemente de porte, segmento de atuação, localização geográfica etc) a criar e melhorar “medidas de desempenho” que possam efetivamente, indicar quais os pontos fortes e fracos de cada empresa, com vistas à melhoria – e, consequentemente, à lucratividade. A proposta original do Balanced Scorecard (BSC) sugere quatro perspectivas importantes:
1) Como os nossos clientes nos vêem? ➔ PERSPECTIVA DO CLIENTE
2) Em que devemos melhorar? ➔ PERSPECTIVA INTERNA
3) Podemos continuar melhorando e criando valor? ➔ PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO E APRENDIZAGEM
4) Como os acionistas nos vêem? ➔ PERSPECTIVA FINANCEIRA
Pelo menos 2 destas 4 perspectivas são idênticas para pequenas empresas e grandes conglomerados multinacionais: a perspectiva do cliente e a interna. A perspectiva financeira, para a pequena empresa, deve fazer referência não “aos acionistas”, mas “aos proprietários” (haja vista que geralmente as pequenas e médias empresas não têm “acionistas” da mesma maneira que grandes empresas, que negociam ações em bolsas e geralmente mantêm certa distância entre a administração da empresa efetiva e os proprietários destas ações). Já a terceira perspectiva, que diz respeito à inovação e aprendizagem, possivelmente tem maior distanciamento das pequenas empresas comerciais, mas deveria estar muito próxima da realidade nos setores de serviços e na indústria.
Ao analisar tais perspectivas, a empresa ganha a possibilidade de determinar como se orientar para o cliente, como reduzir o tempo de resposta, como melhorar a qualidade, enfatizar o trabalho de equipe, reduzir o tempo de lançamento de novos produtos e administrar a longo prazo. Além disso, o BSC pode ajudar a criar uma proteção contra sub-otimização: nenhuma área operacional da empresa ficará livre de gerar resultados que contribuam com o todo, de maneira a valorizar todos os setores/áreas e identificar aqueles com mais problemas. Em muitos casos, resultados ruins ou medíocres numa área (ou departamento) ficam escondidos sob um resultado geral satisfatório, mas perdem-se oportunidades de melhorar ainda mais o resultado total – situação que pode ser detectada e combatida ao adotar-se uma estratégia de indicadores diversificados, como proposto pelo BSC.
Portanto, o importante é compreender que qualquer empresa pode, sim, ser beneficiada se souber usar as modernas ferramentas de gestão existentes – não importando a nomenclatura.
Artigo originalmente publicado na Revista Atitude Empreendedora (Número 2, Dezembro de 2012).
Para fazer download do original (arquivo ZIP contendo capa da revista mais 2 páginas internas) CLIQUE AQUI.
18 de janeiro de 2009
EMPREENDEDORES e a crise
Ele mesmo comenta:
31 de março de 2008
Inovação e atitude empreendedora
Inovação e atitude empreendedora
A PROSPERIDADE de uma sociedade é resultado da sua atitude empreendedora e da sua capacidade de inovação. Ambos os conceitos, portanto, estão intimamente ligados, e a competição no comércio internacional tem sido vencida pelos países que melhor unem essas duas habilidades. Quando se fala de inovação, muitas vezes essa idéia nos remete à descoberta de um determinado produto ou serviço.
Entretanto ela também pode ocorrer em processos industriais, de marketing, de logística, entre outros que, geralmente, rompem as barreiras do conservadorismo, reduzem custos e permitem um maior acesso da população a bens e serviços.
Apesar de os esforços nessa área terem sido intensificados no Brasil, ainda estamos muito aquém nessa corrida. Para ter uma idéia, o país investiu cerca de US$ 33 bilhões em P&D em 2006, enquanto a China bateu os US$ 140 bilhões, a Índia, US$ 58 bilhões, e os Estados Unidos, US$ 320 bilhões. Um indicador clássico -o número de patentes requeridas por país- demonstra que, naquele ano, a China requereu dez vezes mais patentes que o Brasil, segundo consultorias internacionais.
Uma das causas desse atraso é o distanciamento histórico entre os meios empresarial e acadêmico, que, felizmente, tem diminuído, com destaque para a atuação do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Mas, talvez, essa aproximação entre universidades e empresas não esteja se dando com a rapidez necessária que a realidade mundial exige. Vale lembrar que os países mais prósperos são aqueles em que a inovação se traduz em benefício para a vida real, ou seja, sai das universidades e é aplicada pelas empresas de diferentes segmentos da economia.
Para aproximar ainda mais as universidades do meio empresarial é preciso construir contratos inteligentes, de forma que ambos os lados ganhem com isso. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) é um bom exemplo: o seu sucesso, além do quadro de bons pesquisadores, está na proximidade com o campo, isto é, com os potenciais usuários das tecnologias que desenvolve.
Sem dúvida, o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente. Mas o importante é que a inovação e a inquietação da atitude empreendedora devem estar presentes em cada um de nós. Será que no Brasil a administração pública, as empresas e as universidades têm níveis adequados de inovação e empreendedorismo diante da realidade mundial? A resposta é não. O maior limitador do desenvolvimento, seja nas grandes empresas ou no Estado, tem sido a falta de espaço dado ao empreendedorismo e à inovação. Portanto, ser empreendedor no Brasil não é somente encontrar saídas inovadoras aos obstáculos que impedem o desenvolvimento, como a burocracia, a educação precária e o sistema tributário arcaico. Ser empreendedor pressupõe também verificar o nível de inovação aplicado nas empresas ou nas instituições e dar estímulos para a formação científica dos jovens. Afinal, o progresso do conhecimento e o crescimento econômico andam juntos.
JORGE GERDAU JOHANNPETER , 71, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
Felizmente, não há apenas "monges e executivos" à disposição de leitores interessados em textos realmente bons....