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28 de setembro de 2008
Chimpanzés e analistas financeiros
Assuntos:
auto-ajuda,
economia
Recebi por e-mail (obrigado, Alencar!), e achei genial.
Reproduzo:
Como prever o comportamento das ações no mercado financeiro? Eis aqui uma curiosa experiência, levada a cabo pelo psicólogo Richard Wilberforce. É ele quem narra.Cada vez mais, especialmente diante dessa recente crise econômica norte-americana, fico com a impressão de que as previsões e análises financeiras de "gurus" e "experts" têm como base a mesma premissa dos livros de auto-ajuda: o Cálculo Hipotético Universal Teórico Estimado - ou, para os íntimos, pode-se usar a sigla C.H.U.T.E.
...em 2001 [...] descobri um artigo de jornal que descrevia a última novidade em matéria de previsão [...]: a astrologia financeira. De acordo com o artigo, alguns adivinhos afirmavam que o futuro desempenho financeiro de uma empresa podia ser afetado por sua data de criação.
[...] O experimento contou com três participantes –uma astróloga financeira, um experiente analista financeiro e uma criança. No início do teste, demos a cada um deles o valor nominal de cinco mil libras e pedimos que investissem o dinheiro no mercado de ações, como achassem melhor.
Deram-lhes a opção entre as cem principais empresas no mercado de ações britânico.
[...] Nossa astróloga financeira examinou cuidadosamente a data de criação das empresas e prontamente investiu numa variedade de setores, incluindo ações das áreas de comunicação e tecnologia (Vodafone, Emap, Baltimore Tech e Pearson). O investidor fez valerem seus sete anos de experiência e decidiu investir principalmente na indústria de comunicações (Vodafone, Marconi, Cable & Wireless e Prudential). Queríamos que as escolhas [da criança] fossem completamente aleatórias [...]
Fizeram então com que Tia (este o nome da menina) escolhesse quatro entre cem papeizinhos contendo os nomes das empresas, que haviam sido jogados para o alto. A menina investiu, assim, em um banco comercial (Bank of Scotland), um conhecido consórcio de bebidas (Diageo), um grupo de serviços financeiros (Old Mutual) e uma cadeia líder de supermercados (Saintsbury).
[...] Para ser justos, deixamos que os participantes mudassem seus investimentos alguns dias depois do início de nossa experiência de uma semana. A astróloga financeira mais uma vez consultou os astros e modificou três de suas opções [...] Nosso especialista em investimentos preferiu manter a seleção original. Uma segunda rodada de lançamento de papéis deixou Tia com as empresas Amvescap, Bass, Bank of Scotland e Halifax.
No final da semana, todos verificam que o mercado passava por uma fase especialmente turbulenta. A astróloga perdeu 10,1 % do seu investimento. O analista perdeu 7,1%. A criança saiu-se melhor, perdendo apenas 4,6%. Normal. O engraçado é o comentário de Wiseman.
Nosso investidor [...] declarou aos jornalistas ter seguramente esperado ficar em último lugar e ter sempre achado que Tia ganharia. A astróloga [...] observou que, se soubesse antecipadamente que Tia era canceriana, não teria competido com ela.
O experimento prosseguiu ao longo de um ano. O mercado global sofreu, nesses doze meses, queda de 16%. Nesse período, o analista perdeu 46,2% do investimento original. A astróloga perdeu 6,2%. A menina lucrou 5.8%.
Naturalmente, o valor científico dessa experiência é nulo. Seria preciso convocar algumas centenas de analistas, de astrólogos e crianças para eliminar fatores como a possível incompetência do investidor escolhido. Mas não custa tentar. Wiseman disse que testes semelhantes foram feitos entre analistas e um chimpanzé, que lançava dardos num alvo. O Wall Street Journal gostou da idéia e tem uma "carteira de dardos" cujos resultados, segundo Wiseman –mas aí sua formulação é um pouco escorregadia—"com freqüência" são melhores que os de um time de especialistas.
A descrição de toda a experiência está nas páginas de Esquisitologia – A estranha psicologia da vida cotidiana, livro de Richard Wiseman que acaba de sair em tradução brasileira pela editora BestSeller.